Ilhado pelo transbordamento do Rio Gravataí, o operador de máquinas Pedro Ramos, 45 anos, que mora no número 11.011 da Avenida Assis Brasil, no limite entre Porto Alegre e Cachoeirinha, precisou deixar a casa pela primeira vez em dez anos. Mas ele só saiu quando teve a certeza de que levaria junto os sete cães da família.
Na tarde desta segunda-feira, depois de ver os dois filhos retirados da casa invadida pela água, Pedro saiu com os animais de estimação num barco da Defesa Civil. Ele precisou ser puxado por um voluntário de jet-ski até a margem da avenida, no sentido Porto Alegre-Cachoeirinha. Foram quase 2h para resgatar os quatro moradores da família devido à força da correnteza.
Pedro Ramos e os cachorros da família
Foto: Diego Vara
— Em outras enchentes, não tão grandes como esta, ele não saiu. O pai não sairia de casa se os cachorros não fossem socorridos — contou a secretária Yasmin Ramos, 22 anos, filha de Pedro e a primeira a ser resgatada.
Com a ajuda da voluntária Flávia Motta, da Associação Patas da Fé, os cães foram colocados em caixas especiais para transporte e levados à empresa onde Pedro trabalha.
A família se dividiu: Pedro, a mulher, Vera, 46 anos, e o filho Manoel, 19 anos, foram para a casa de um familiar na mesma cidade. Yasmin ficará na casa de um irmão, em Canoas.
No mesmo local onde vivem os Ramos, um antigo sítio transformado em lotes, outras dez famílias estão ilhadas. Na casa de dois pisos do construtor civil Raules Fonseca, 64 anos, 20 pessoas estão alojadas. De barco, Raules ajudou familiares a deixarem o local. Mas ele não pretende sair, pois teme arrombamentos e furtos à noite.
— Em 64 anos, minha casa nunca tinha entrado água. Hoje, ela subiu muito rápido e já tem quase um metro dentro de casa — comentou.
Limite entre Porto Alegre e Cachoeirinha foi invadido pela água. Único transporte foi por barco
Foto: Diego Vara
Fonte: (ZH)