Os bichos-de-conta são os únicos crustáceos que habitam "em permanência o meio terrestre", para isso estes animais "desenvolveram um complexo sistema condutor de água que permite manter húmidas as brânquias por onde efetuam as trocas gasosas", características que, segundo a investigadora, os torna "extraordinariamente sensíveis às alterações do meio, especialmente à poluição".
As novas espécies foram descobertas em grutas do Montejunto, das serras de Sicó, do vale tifónico das Caldas da Rainha, de Cascais, da serra da Arrábida (Gruta do Frade), do planalto das Cesaredas, das serras de Aire e Candeeiros (Gruta do Almonda), do Alentejo e do Algarve.
"Vivem exclusivamente em grutas de Portugal e são elementos fundamentais dos ecossistemas terrestres", sublinhou, precisando a sua relevância "na reciclagem de nutrientes" e nas cadeias tróficas das grutas, uma vez que se alimentam "dos detritos que chegam ao meio subterrâneo e servem de presa a uma grande variedade de predadores como aracnídeos e centopeias".
A investigação põe termo a um hiato de quase 70 anos no estudo taxonómico dos bichos-de-conta no país e é hoje publicada numa monografia na revista científica European Journal of Taxonomy, resultante dos trabalhos da cientista, no Centro de Estudos do Ambiente e do Mar e no Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro e financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia.
O trabalho tem a colaboração de Stefano Taiti do Conselho de Investigação Italiano, de Fernando Gonçalves da Universidade de Aveiro e Pedro Oromí, da Universidade de La Laguna.
Fonte: (Jornal de Notícias)