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ANIMAIS
Golfinho: espécie está ameaçada de extinção em Laguna 17/06/2014 às 20:05:13

Eles vivem distantes dos olhos, mas existem. Sim, e são lembrados somente quando aparecem mortos na praia. É como tem vivido uma espécie de golfinho que habita a região costeira de Laguna. A espécie Toninha (Pontoporia blainviller) é considerada, atualmente, o mamífero marinho mais ameaçado do Atlântico Sul Ocidental. Há ainda um dado mais alarmante: é a única espécie de pequeno cetáceo ameaçada de extinção no Brasil, segundo a Lista Oficial das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção. Habitam a região costeira do Espírito Santo até a Argentina.

27 mortes - Laguna sedia uma extensão do Projeto Toninhas, através da Universidade Estadual de Santa Catarina (Udesc) que cuida do seu monitoramento e preservação. De acordo com o coordenador do projeto na cidade e professor do curso de Engenharia de Pesca, Pedro Volkemer de Castilho, de 2012 pra cá, foi registrada a morte de 27 animais, entre Garopaba e Jaguaruna. “Isso representa a média de uma carcaça por mês. Ainda que as pesquisas indiquem que somente 10% das carcaças chegam à praia”, destaca Castilho.

Causas da morte - As causas são variáveis, mas os registros das mortes em Laguna mostram que a captura acidental em redes de pesca são mais recorrentes. Na baía da Babitonga (Norte do Estado), por exemplo, região específica onde vivem somente 55 indivíduos, a causa tem sido a captura acidental e poluição. “Eles não saem daquele espaço, ficando mais vulneráveis, é um caso bem atípico. Em virtude da urbanização, poluição aquática e o desenvolvimento portuário o projeto teve origem lá”, explica o professor.

A maior preocupação é porque 70% dos animais são fêmeas. “Isso gera um impacto direto na taxa reprodutiva”, salienta o pesquisador. Elas têm apenas um filhote a cada um ou dois anos, com gestação que dura até cerca de 12 meses. Pedro Castilho destaca que o projeto em Laguna ainda está na fase de diagnóstico, o que significa uma etapa de estudos sobre seus hábitos, monitoramento e pesquisa sobre interação com as atividades pesqueiras mais prejudiciais ao mamífero. “Precisamos caracterizar a sazonalidade e as espécies-alvo das pesquisas visando diminuir a captura acidental por redes de pesca na região”.

Soluções - Algumas soluções para evitar o emalhamento estão em prática, mas ainda precisam de estudos mais profundos sobre sua eficácia. Estratégias como redes em contraste, sinalizadores sonoros e banho com metais estão sendo pesquisadas. O objetivo do projeto é colocar a situação da Toninha na ponta da discussão com a sociedade, entre eles moradores, pescadores e estudantes. O foco é levantar a questão de que não exite somente um tipo de mamífero enfrentando problemas nas águas que circundam a cidade.

“Precisamos ampliar a visão das pessoas e promover ações múltiplas para diminuir as atividades negativas que prejudicam tanto a Toninha quanto o Boto de Laguna. Os dois animais vivem situações preocupantes. Estamos criando informação e mostrando que é preciso pesquisar qualquer espécie que habita essa região”, finaliza o pesquisador. A falta de informação, muitas vezes, gera desinteresse. A mobilização das pessoas nesta causa depende de um longo trabalho onde envolve educação e informação. Eles não estão ao alcance dos olhos, mas podem ser vistos se houver divulgação de sua importância.

A região costeira de Laguna concentra, além de inúmeros peixes, moluscos e crustáceos, cerca de 25 espécies de mamíferos marinhos. O complexo lagunar, incluindo a área de ressurgência do Farol de Santa Marta, possui função ecológica fundamental por alta produtividade primária, o que significa a base da cadeia alimentar bem variada. Isso explica a grande diversidade de organismos.

Segunda morte por parasita na Toninha - Nas últimas semanas, um caso raro chamou a atenção da mídia e moradores da região com o aparecimento de uma toninha morta com uma craca no bico. Nesta última quinta-feira mais uma foi encontrada morta em Laguna, com as mesmas características. O animal foi recolhido para o laboratório da Udesc. De acordo com o professor Pedro Castilho, o animal morreu por ter ficado impossibilitado de se alimentar. “Não havia sido registrada nenhuma morte por essa causa. Agora já estamos com dois”, disse.

O caso resultará numa publicação sobre o assunto. Isso porque o tipo de crustáceo que se fixou nos dentes do animal é exótico e levanta a hipótese de infestação dos oceanos com esses invasores. O que seria para ser um tipo de Epibionde, onde uma espécie se instala em outra como caroneira e depois se desprende, passou a ser visto como um caso de parasitismo, onde uma espécie gerou a morte da outra. “Aí surge mais uma causa de morte da Toninha”, explica Castilho.

Hábitos e características - A Toninha vive nas regiões com até 30 metros de profundidade, cerca de 1,5 quilômetro da costa, e possui porte pequeno, medindo cerca de 1,4 metro de comprimento, de 45 a 50 quilos e bico longo. São discretas e não costumam saltar. Mostram apenas uma pequena parte do dorso quando sobem à superfície para respirar. Peixes pequenos e lulas são seus alimentos na fase adulta. Só para ter uma noção da diferença de tamanho, o boto de Laguna chega a medir 2,9 metros e pesar até 300 quilos.

Sobre o Projeto Toninhas - Sediado em Joinville, o Projeto Toninhas ampliou sua área de abrangência através de parcerias com universidades e um modelo de gestão compartilhada. Laguna abrange uma área que vai da Barra de Ibiraquera a Barra do Camacho, com saídas de monitoramento a cada quinze dias. No início desse ano foram realizados sobrevôos para quantificar o número de Toninhas na região entre Florianópolis e Rio Grande do Sul. Ao todo são aproximadamente oito mil mamíferos nessa área costeira. Além de monitoramento, o projeto também inclui trabalhos de preservação, conscientização e educação ambiental. Saiba mais no site.  

Curiosidades - A Toninha é considerada a mais antiga das espécies, habitando os mares do Atlântico Sul há milhares de anos. Aliás, os variados tipos de golfinhos são considerados símbolos sagrados em todos os povos. O seu misticismo é reconhecido no mundo inteiro. Há registros da espécie em selos que datam de 3,5 mil anos antes de Cristo.

Colaboração: Comunicação Laguna

 






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