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Quebrando o preconceito contra o Pit Bull 03/08/2015 às 20:52:38

O preconceito e a propagação de conceitos equivocados tem o real poder de decidir sobre a vida e morte de alguém. Poucos de fato levam com seriedade que a emissão da opinião dada sem respaldo e as implicações e consequências que tais palavras podem representar no destino do próximo são por vezes irrevogáveis.

Acusar os cães que pertecem ao grupo dos Pit Bulls de maneira leviana e analisar casos de ataques que envolvem Pits de forma simplista e sem conhecimento total da situação ou de comportamento canino, é condená-los à morte. Literalmente.

 

Dados preocupantes

Segundo o Examiner, estima-se que 1 milhão de Pit Bulls sejam eutanasiados por ano nos Estados Unidos. São 2.800 cães Pits eutanasiados por dia. Apenas 1 em 600 serão adotados. Cerca de 75% dos abrigos praticam a eutanasia em Pits assim que eles chegam, sem mesmo receberem a chance de serem adotados. A cidade de São Francisco tornou obrigatória a castração de Pit Bulls e Pits que são mestiços, já que eles representam 60% dos cães que são eutanasiados em abrigos locais. Mais AQUI.

 

O que é um Pit Bull?

Foto: Reprodução

Foto: Reprodução

Primeiro, é importante entender o que o termo Pit Bull engloba. As raças que normalmente são categorizadas no grupo são o Staffordshire Bull Terrier, o American Pit Bull Terrier e o American Staffordshire Terrier. Com certa frequência, outras raças com características físicas similares também são apontadas como Pits, incluindo o Dogo Argentino, Buldogue Americano e cães Mastife.

Há duas teorias fortes quanto a origem do Pit Bull. Uma delas defende que o início dos Pits se deu na antiguidade com os Molossus, uma raça canina extinta na atualidade que foi utilizada pelos gregos como pastores e cães de guarda. Em tempos de guerra, eles marchavam para a batalha com seus humanos. Eventualmente, os Molossus chegaram na Grã-Bretanha, onde ficaram conhecidos como os Mastifes. No primeiro século d.C., os Romanos conheceram a raça após derrotar os britânicos, e a raça se espalhou no império. Pelos próximos 400 anos, eles foram usados como soldados de guerra e cruzados com diversas raças no continente europeu, surgindo assim os antepassados do Pit moderno.

A outra teoria coloca a origem dos Pit Bulls na Inglaterra na época da conquista normanda em 1066, quando açougueiros utilizaram cães do tipo Mastife como “mordedores de boi”. Treinados para agarrar o nariz dos bois e não soltar até que eles estivessem em estado de submissão, esses cães eram a única maneira que os humanos encontraram de readquirir controle quando um boi se tornava agitado. Essa prática errônea também deu origem ao esporte “Bull-baiting”que colocava cães em um ringue com um boi irritado intencionalmente pelos humanos presentes. Os espectadores apostavam em qual cachorro iria agarrar por mais tempo ou subjugar o boi. Essa seria a origem dos termos “Pit Bull” e “Buldogue”.

Ainda sem serem considerados uma raça específica, eles foram cruzados com Terriers, com o intuito de combinar a inteligência dos Terriers com a força dos Mastifes. Quando o Bullbaiting foi banido no século 19, rinhas caninas se tornaram populares em um ambiente alternativo e praticamente ilegal no Reino Unido.

Mais adiante, imigrantes britânicos levaram esses cães para o “Novo Mundo”. Enquanto a raça se espalhava nos Estados Unidos, os Pits começaram a ser utilizados novamente como cães de trabalho e pastoreio.

 

Proibição de cães do grupo Pit Bull

Foto: Reprodução

Foto: Reprodução

A pergunta que fica é: por que um cachorro que já esteve em pôsteres do exército norte-americano e lutou ao lado de seus companheiros humanos na Primeira Guerra Mundial; presente em diversos momentos marcantes da cultura popular, seja em filmes da década de 30 ou na icônica imagem de RCA Victor, de um cão e um gramofone, ganhou uma fama tão negativa?

Do início do século 20 até a década de 80, houve apenas 1 ataque canino apontado como Pit Bull noticiado em um jornal nacional nos Estados Unidos, e nesse caso, o homem foi considerado culpado de homicício por ter permitido e incentivado que os cães matassem a vítima.

Entretanto, a partir da década de 80, as rinhas de cães voltaram a ser populares nos Estados Unidos e os Pits foram adotados como os cães de guarda preferidos de muitas gangues e traficantes. A repercussão do caso de 1987, quando um Pit Bull protegendo uma plantação de maconha na Califórnia matou uma criança de 2 anos e meio, foi essencial para que a opinião pública se voltosse contra os cães.

De vítimas, eles se tornaram culpados e muitos estados aprovaram leis racistas que baniam por completo a presença de Pit Bulls em suas jurisdições, com a mais rígida de todas sendo passada em Albuquerque, onde os agentes de controle animal teriam poder para apreender e destruir os animais sem precisar dar compensação para o proprietário. Vale ressaltar que, nessa mesma época, os Doberman Pinschers também quase foram banidos. Tais decisões arbitrárias não tiveram necessariamente o apoio de profissionais do meio, e foram baseadas muito em histeria e achismos.

O tempo passou e após 30 anos, tais leis se mostraram infrutíferas. Em resposta a uma petição contra a proibição de determinadas raças, a administração Obama se posicionou inequivocamente contra a esse tipo de lei.

Nós não apoiamos legislações que proibam raças específicas – pesquisas mostraram que tais proibições a certos tipos de cães são amplamente ineficazes e um desperdício de recursos públicos.

Em 2000, os Centros de Controle e Prevenção de Doenças analisaram vinte anos de dados sobre mordidas caninas e fatalidades humanas nos Estados Unidos. Eles descobriram que os ataques fatais representam uma proporção muito pequena de lesões em humanos, sendo que é praticamente impossível calcular taxas de mordidas por raças específicas.

Leis como essas, sem o trabalho de conscientização necessário, só aumentam o estigma que determinadas raças sofrem. É simplificar e tentar fazer com que o público acredite que apenas cães com características físicas x podem atacar, o que não é verdade.

 

Confusão a respeito da identificação de raças caninas

Foto: Reprodução

Foto: Reprodução

Para agravar ainda mais a situação, a avaliação visual de identificação de raças se mostou um método não confiável. Segundo o estudo desenvolvido pela Dr. Victoria Voith, (“Comparação entre a Identificação de Raças por Agências de Adoção e a Idenficação de Raças através de DNA”, publicado no Journal of Applied Animal Welfare Science, em julho de 2009), 87,5% das vezes os testes de DNA não concordaram com a identificação da raça canina feita por trabalhadores do abrigo. Ou seja, como as leis contra raças específicas podem ser colocadas em prática se a análise visual é falha?

Os números e percepção que os ataques caninos de Pit Bulls são recorrentes também foram colocados em dúvida com o estudo divulgado em dezembro de 2013 pelo Journal of the American Veterinary Association (JAVMA).

Foram analisados os casos de 2000 a 2009, levando em consideração relatórios de investigações policiais e de agências de controle animal, assim como entrevistas com detetives especializados em homicídio.

Diferente do que tem sido perpetuado na mídia, em mais de 80% dos casos a raça não podia ser identificada. Por diversas vezes, a raça noticiada como responsável pelo ataque não correspondia com as informações presentes nos relatórios da polícia. Em apenas 45 (18%) casos nesse estudo, os pesquisadores puderam determinar que a raça fazia parte de uma raça reconhecida. 20 raças diferentes, assim como dois mix, puderam ser identificadas e conectadas com os 45 incidentes.

Em 90% dos casos, os cães descritos nos ataques eram categorizados em uma raça específica em  pelo menos uma reportagem. O que vai contra a estudos que apontam que nos Estados Unidos, 46% dos cães são mix.

 

Fatores recorrentes nos ataques caninos

Ainda segundo publicado pelo Journal of the American Veterinary Association (JAVMA), os pesquisadores identificaram 7 fatores recorrentes no casos de mordidas caninas:

1)      Ninguém com o poder corporal suficiente para intervir (87,1%);

2)      A vítima não possuía nenhuma relação anterior com o cachorro (85,2%);

3)      O cachorro não é castrado (84,4%);

4)       A vítima não conseguia administrar as interações com o cão, seja devido a idade ou a condição física  (77,4%);

5)      O cão não é mantido como pet, esse seria o clássico “cachorro de jardim” (76,2%);

6)      O tutor não cuidava do cão corretamente (37,5%);

7)      Abuso e negligência (21,1%).

Quatro ou mais fatores estavam presentes em 80,5% nos casos, e a raça não era um desses fatores.

Os resultados apontam que, na maioria dos casos, os problemas de relacionamento e a inabilidade do tutor de compreender o comportamento canino são os fatores que de fato estão presentes nos casos, não raças específicas que supostamente teriam uma predisposição à agressividade.

 

Raça não pode ser uma sentença

Segundo a American Veterinary Medical Association (AVMA), nenhuma raça ou tipo de cachorro é mais perigoso do que o outro.

Qualquer cachorro pode morder, independente de sua raça, e mais frequentemente as pessoas são mordidas por cães que elas conhecem. Não é a raça do cachorro que determina o risco – é o seu comportamento, tamanho geral, número de cães envolvidos e a vulnerabilidade da pessoa que foi mordida que determinam se um cão irá causar uma lesão grave. Cães podem ser agressivos pelos mais variados motivos. Um cachorro que mordeu uma vez pode fazê-lo novamente, e um cachorro que nunca mordeu pode vir a morder um dia. Não dependa de estereótipos de raça para mantê-lo seguro de mordidas. A história individual de um cachorro e seu comportamento são muito mais importantes do que sua raça.

A American Bar Association (ABA) sugere que todos os estados, agências governamentais e legislações locais adotem uma visão neutra quanto a raça no tópico cães perigosos/tutores irresponsáveis, com leis que encorajem a posse responsável e foquem no comportamento tanto dos cães quanto de seus tutores, revogando qualquer lei que seja descriminatória e baseada unicamente na raça.

A ASPCA ainda defende que não há evidências que leis banindo determinadas raças tornem as comunidades mais seguras. Porém, há evidências que tais leis injustamente persigam guardiões responsáveis e seus cães bem-socializados. Leis que focam em raças específicas ignoram os fatores que afetam a tendências de um cão à agressão, como experiências inicias, socialização, treinamento, etc.

 

Defensores dos Pit Bulls

Daddy e Junior. Foto: Reprodução

Daddy e Junior. Foto: Reprodução

Muitos apaixonados por Pit Bulls lutam para que os cães sejam respeitados e tenham seu espaço na sociedade.

Os programas de televisão Pit Bulls e Condenados e Pit Boss, do gênero reality show e que passam no canal Animal Planet, são vitais para a compreensão do público. Primeiro pelo seu alcance de espectadores e segundo por mostrar o lado verdadeiro dos cães, não o que é sempre disseminado na grande mídia, mas o seu lado dócil e leal.

Há um elemento importante em comum entre os dois programas: Possuem ex-presidiários e pessoas que um dia foram ligadas ao crime, mas hoje buscam aceitação, desejam fazer parte e dar a volta por cima.

Celebridades e tutores famosos de Pit Bulls emprestam suas vozes para defendê-los: Cesar Millan, Jessica Alba, Jennifer Aniston, Justin Theroux Jessica Biel, Josh Hutcherson, Kaley Cuoco, Jon Stewart, Gisele Bündchen, Fiona Apple, etc.

Em alguns lugares do mundo, outubro se tornou o mês oficial de conscientização sobre os Pit Bulls, com diversas ações especiais que visam quebrar o preconceito.

 

Lidando corretamente com ataques caninos

Em casos de ataques caninos, principalmente quando há fatalidades, é preciso lidar com seriedade e respeito pela vítima, família e pessoas envolvidas. Analisar tais eventos e entender o que aconteceu nos ajuda a prevenir e evitar que acidentes dessa natureza aconteçam no futuro.

Por isso o debate incentivado pelo especialista em comportamento animal Alexandre Rossi no caso do Pit Bull Guga, que atacou e matou uma criança de 2 anos em Santos, é tão importante.

O cão está sob a tutela do órgão Coordenadoria de Proteção à Vida Animal (Codevida) e não será eutanasiado.

O restante do especial: Parte 2 e Parte 3.

 

Um futuro mais consciente

Basta um olhar na história para perceber que os Pit Bulls não são os culpados, mas sim os humanos que não souberam tratá-los de maneira correta.

Para atingir um futuro consciente, é preciso que os tutores se responsabilizem por seus cachorros, aprendendo melhores formas de conviver com o animal, se educando e compreendendo melhor sobre comunicação e comportamento canino, para então proteger a si mesmo, a sociedade e o pet.

A prevenção é a melhor maneira de lutar contra os casos de mordidas e ataques caninos, e o único caminho é a conscientização da posse responsável por parte da comunidade.



 

 

 

 

 

Fonte: (Portal do Dog)






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