Um cachorro que passa os dias chorando, amarrado a uma corda curta, em que não é possível nem chegar-se nem às vasilhas de água e comida, nem à própria caminha, tem preocupado e incomodado os moradores do bairro Terras do Barão, em Barão Geraldo. De acordo com o Decreto Federal 24.645 manter animais em lugares anti-higiênicos ou que lhes impeçam o movimento ou o descanso é crime. A Lei 9.605/98 também trata da transgressão, imputando-lhe multa e cadeia (três meses a um ano).

“Esse animal vem sofrendo maus-tratos há 6 meses. Já discuti, já briguei e não resolveu”, publicou nas redes sociais o aposentado Dino Perez Martinez, que gravou uma das discussões com a tutora do cão. 

No vídeo, aparecem a tutora e uma outra vizinha, que pede que o cachorro seja solto. Entretanto, a tutora diz: “eu não quero saber. Você não manda aqui... E eu solto ele na hora que eu quiser”. Nas imagens, o cão aparece com uma guia tão curta que não é possível que ele entre na própria casinha. “E hoje ele ainda está com uma coleira comprida”, diz o aposentado no vídeo. 

A tutora, entretanto, diz à protetora que o motivo do cachorro estar preso é de que tem crianças dentro de casa. O animal vive fora, na garagem. 

“Até quando serei obrigado a vê-lo sofrendo?”, questionou Martinez à reportagem por telefone. “O pior é que quando a gente reclama pra tutora, além de ele não ser desamarrado, ela o agride, chutando e arrastando”.

Ainda de acordo com o aposentado, a vizinha tem outro cachorro, que fica nos fundos, chorando o tempo todo também. “Mas, esse a gente nunca vê. Só ouve os gemidos”, diz o aposentado. “Eu já cansei de chamar a polícia, mas nem sinal dela aparecer”, completou. 

O outro lado

A Polícia Militar (PM), por meio de sua assessoria de imprensa, informou em nota enviada à reportagem que pesquisou no sistema de atendimento 190 e diante os dados fornecidos não localizou nenhuma solicitação dos moradores. 

 

Entretanto, quando questionada sobre uma solução para a denúncia, publicada com fotos e vídeo, solicitou mais um tempo para dar a resposta. Depois, disse que esse tipo de ocorrência é responsabilidade do Departamento de Proteção Animal da Prefeitura e que por isso repassou a denúncia ao ele.

 

A reportagem, então, entrou em contato com a Prefeitura, que, por meio meio de sua assessoria de imprensa disse que agentes do departamento estavam se dirigindo ao número 55 na Rua Arthur Nazareno Pereira, em Barão Geraldo, onde vive o cachorro.

A reportagem questionou quanto tempo será necessário para a resposta definitiva sobre e caso e recebeu a resposta de que, devido ao plantão de Natal, talvez só seja possível na sexta-feira (26).  

Em relação à tutora, a reportagem tentou entrar em contato com ela, mas ela não foi encontrada. 

Frequente

“Esse tipo de crime é mais comum do que imaginamos”, desabafa a protetora Ana Carolina Pimenta, da ONG Amor de Bicho. “As pessoas (testemunhas) que se depararem com tais situações devem ir ate a delegacia elaborar um Boletim de Ocorrência e em seguida entrar em contato com algum grupo de protetor ou de ONG”, ensina. “Qualquer pessoa pode agir e retirar o animal com o B.O. em mãos”. 

A Amor de Bicho tem hoje cerca de 80 cães disponíveis para adoção responsável, todos eles resgatados de maus-tratos.