Angra dos Reis

 

A prefeitura de Angra, através da Fundação de Saúde da cidade, a Fusar, realizou uma visita técnica na semana passada ao Centro Integrado de Recolhimento, Assistência e Controle de Animais – Cirac, que fica em Porto Real. A empresa venceu uma licitação feita pelo Executivo para o recolhimento e destino final dos animais abandonados pela cidade. A iniciativa causou revolta na população protetora dos animais, inclusive das associações que cuidam do assunto e, por isso, foi formada uma comissão para que as instalações da empresa fossem visitadas.

Uma das integrantes da comitiva que visitou a unidade fez um dossiê contendo uma série de irregularidades, segundo sua observação. De acordo com Regina Célia Miranda, sua avaliação se deu primeiro por ser uma defensora dos animais e acompanhar de perto a situação dos cães abandonados, e depois utilizando os conhecimentos técnicos de quem está prestes a se formar em segurança no trabalho.

Regina contou que ao chegar à entrada da cidade, um veículo da empresa Cirac estava aguardando a comitiva em uma clara demonstração de aviso prédio da visita. Depois ela observou que o local havia sido higienizado recentemente, mesmo tendo já ter passado do meio dia.

“O horário adequado é ao amanhecer, por que naquela hora as gaiolas ainda estavam úmidas e algumas até com poças d´água, sendo que estava muito calor no dia da visita”, argumentou Regina.

Outra observação feita por Regina é a falta de azulejos nas paredes do mini centro cirúrgico, pois apenas uma é azulejada. Além disso, ela afirmou ainda que encontrou uma caixa Descarpak, que é utilizada para depósito de lixo hospitalar, como seringas, com o limite excedido de carga e em péssimo estado, aparentando ter sido reutilizada diversas vezes.

“De acordo com o Conselho Regional de Medicina Veterinária as caixas são descartáveis e ao ser questionado sobre o volume excedido de materiais perfuro-cortante na Descarpak, o funcionário que se apresentou como veterinário, desprovido de conhecimento, não sabia que na linha pontilhada era o limite máximo de carga, já ultrapassado”, enfatizou.

Ainda de acordo com Regina, as rações dos animais estavam armazenadas junto aos medicamentos numa sala denominada “farmácia”.

“Isto também esta em desconformidade com o CRMV, pois os sacos de ração não estavam devidamente fechados. Constatei um comedouro abastecido de ração, juntamente com uma garrafa PET de dois litros cortada ao meio com água suja, já utilizada por algum animal”, salientou, acrescentando que no canil coletivo encontrou uma cadela com infecção nos olhos e um cão que se recuperava de uma cirurgia recente. “No gatil, encontrei dois gatos desnutridos e constatei que os cães estavam com os pelos sujos. Ao questionar sobre a higienização dos mesmos, houve incompatibilidade de informações por parte dos funcionários”, disse.

A Associação de Proteção Animal de Angra dos Reis – APAA, não enviou nenhum representante para acompanhar a visita. Segundo um de seus diretores, Mauro Dobler, a entidade não frequenta lugares onde é praticada a eutanásia em animais, referindo-se a Cirac. De acordo com ele, há documentos de outras cidades e o Ministério Público está investigando a empresa sobre sua capacidade de atender tantos municípios no recolhimento de cães. Mauro disse ainda que acionará a justiça para impedir que os animais sejam retirados da cidade e levados para Porto Real, onde fica a sede da empresa.

No próximo dia 7, a Comissão de Saúde da Câmara Municipal, presidida pelo vereador Jairo Magno, estará discutindo o assunto em reunião ordinária, a partir das 9h, no Plenário Presidente Benedito Adelino.

 

 

Fonte: (A voz da Cidade)