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Estudante Itabirana de Medicina Veterinária fala sobre a profissão 18/06/2015 às 19:38:41

Olá leitores e leitoras do site de notícias do Canil Garra! Meu nome é Kamila, sou estudante de medicina veterinária na UFMG e hoje eu vou falar um pouquinho sobre a profissão, áreas de atuação do médico veterinário e sobre o curso.

Em primeiro lugar, vamos ao por que eu escolhi a veterinária. Bem, eu sonho em ser veterinária desde o dia em que conversando com meu pai num domingo de manhã no nosso quintal, criancinha ainda se muito com cinco anos de idade, eu disse que gostaria de cuidar dos bichinhos quando crescesse. A resposta foi que se era o que eu queria fazer, eu teria que estudar para isso. Anos se passaram e o sonho pareceu distante, na época eu não tinha como sair da cidade e com isso passei por três outros cursos na área da saúde, mas não me senti realizada em nenhum deles. Aos 23 anos, já com um bebê de 6 meses, cheguei a conclusão de que não seria feliz em mais nenhuma profissão. Fiz a seleção e passei, e desde então vivo essa vida entre BH e Itabira, entre estudos e família.

Vamos agora ao que interessa!

A arte de tratar os animais é tão antiga quanto o seu vínculo com a humanidade. Desde que o homem começou a criar animais para benefício próprio, houve a necessidade de se preocupar em prevenir e curar as enfermidades que acometem os mesmos. Os registros mais antigos sobre a profissão datam de 4.000 a.C. e há códigos como os de Eshn Unna (1900 a.C.) e Hamurabi (1.700 a.C.) que trazem referências quanto ao pagamento feito aos curandeiros de animais.

Já na Espanha, no governo de Fernando e Isabel, foi criado o cargo de albeitar - palavra derivada do nome de um grande médico de animais, de origem árabe (cujo nome era Eb-Ebb-Beithar), e que foi traduzido para o português como alveitar.

O estudo sistemático aconteceu depois, com a fundação da primeira escola de Medicina Veterinária, pelo francês Claude Bougerlat, em 4 de agosto de 1761. Em 1875, Dom Pedro II visitou a Escola de Medicina Veterinária de Alfort na França e impressionou-se com uma Conferência ministrada pelo Médico Veterinário e Fisiologista Dr. Collin. Ao voltar ao Brasil tentou fazer com que fossem tomadas as medidas para a instalação do curso, mas foi somente no início do século XX que aconteceu a criação das duas primeiras instituições de ensino de Medicina Veterinária no Brasil: a Escola de Medicina Veterinária do Exército e a Escola Superior de Agricultura e Medicina Veterinária, ambas na cidade do Rio de Janeiro. Dr. Dionysio Meilli foi o primeiro Médico Veterinário formado e diplomado no Brasil, antes da formatura oficial, pois como já era farmacêutico, obteve dispensa e se formou antes dos quatro anos do curso na época. A primeira mulher diplomada em Medicina Veterinária no Brasil foi a Dra. Nair Eugênia Lobo, na turma de 1929 pela Escola Superior de Agricultura e Veterinária, hoje Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.

Desde então, a profissão evoluiu de um primeiro momento em que o foco principal era os cavalos que participavam da atividade militar e os animais de produção, para um segundo momento em que surge a preocupação com os animais de companhia e a maior oferta de cuidados e produtos específicos para eles, que muitas vezes são tratados como membros da família. Atualmente, a veterinária tem voltado seu foco para além destas outras áreas citadas, abrangendo a saúde pública (fazendo parte da equipe da Saúde da Família junto a médicos, enfermeiros e farmacêuticos), epidemiologia e pesquisa científica, visto que o profissional veterinário está fortemente ligado à saúde humana tanto pelo controle de doenças zoonóticas quanto pelo fato de que muitas das descobertas aproveitadas no campo da medicina humana foram desenvolvidas na pesquisa veterinária, além de também atuar em outro campo promissor que é a inspeção sanitária.

Gostar de bicho é muito importante, claro. Todavia, não é o bastante para ser um bom veterinário. É preciso disciplina e dedicação para dar conta de todo o conteúdo a ser estudado. A nossa anatomia, fisiologia e farmacologia são comparadas. O médico de pequenos tem que saber que há medicamentos que os cães podem tomar e os gatos não, por exemplo, enquanto o de grandes e/ou produção precisa saber as particularidades anatômicas e fisiológicas dos bovinos, equinos e pequenos ruminantes para aplicar a conduta adequada a cada animal. Para se formar, o estudante tem que estar a par disso tudo e se você se decidir pela medicina de silvestres e exóticos (a área que pretendo seguir quando me formar), entram mais um sem número de espécies na equação, cada uma com a sua particularidade. Outro ponto a se levar em consideração é que a clínica é um campo saturado no mercado, e se esse é o seu nicho de escolha, faz-se necessário, senão obrigatório, seguir com uma especialização visto que o contingente de clínicos gerais é muito grande.

Outra coisa que é importante frisar é que como a nossa formação atual é generalista, independente de você querer seguir a área A, B ou C, você será treinado para atuar em todas. Ou seja, se você é vegetariano ou vegano e quer seguir a clínica porque ama os animais e pretende cuidar da saúde deles e continuar comendo tofu com leite de soja no café da manhã, tenha em mente que no seu treinamento você passará pela tecnologia e inspeção de carnes, terá contato com abatedouros e sistemas de produção animal. Na própria clínica haverá momentos em que será preciso engolir o choro e fazer uma eutanásia, informar o dono sobre a condição terminal de seu filho de quatro patas, receber animais provenientes de abuso e casos de acidentes. Semana passada eu conheci uma fêmea de papagaio brasileiro numa clínica que atende silvestres que tem os dois pezinhos atrofiados por conta de défict nutricional, pois foi alimentada indevidamente com água e fubá por quem a tirou da natureza. Hoje ela vive num canto do viveiro pois não consegue nem se empoleirar e precisa fazer fisioterapia diariamente para fortalecer as asinhas. Ela vive na clínica porque foi abandonada pelo dono, e lá são acolhidos com o aval do Ibama diversos animais silvestres que são apreendidos ou simplesmente devolvidos e que não podem mais voltar à natureza.

A inspeção sanitária e a produção animal atualmente são as áreas que em média tem a remuneração mais alta, até porque a demanda é alta em relação ao número de veterinários que optam seguir por elas. Concursos como o do MAPA também tem salários iniciais muito atrativos, e não podemos esquecer uma área em ascensão, que é o marketing de produtos veterinários. O veterinário representante de marcas costuma ser super bem remunerado. Na área acadêmica, as possibilidades vão desde o ensino superior em universidades à pesquisa nas áreas biológicas, frisando que em pesquisa médica, veterinários, médicos, enfermeiros, biólogos, biomédicos e farmacêuticos atuam quase sempre juntos, e o legal é que você pode ter seu primeiro contato desde o início do curso através da iniciação científica. O leque de possibilidades é enorme, passando pela consultoria, cargo executivo em agronegócios, responsabilidade técnica, perícia e até formulação de rações. A dica de ouro que eu recebi dos meus veteranos e passo hoje aos meus calouros é: o que você quer fazer hoje pode não ser o que você fará amanhã. Mantenha o foco, mas esteja aberto a tudo!

O curso é muito difícil, a dedicação precisa ser total até mesmo por se tratar de um curso em período integral e por exigir formação complementar e atualizações constantes após a graduação, mas a recompensa de fazer o que você ama faz valer todo e qualquer esforço!

Espero ter ajudado a sanar algumas dúvidas. Um beijo e até a próxima!

 

 

Por: Kamila Stephane Dias Gomes






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